coleccionador (2016)

Estes objectos apresentam-se como um conjunto de semelhantes, na forma, no tamanho, na função, numa tentativa de parecer uma colecção. Uma colecção de pequenos vasilhames que tal como todos os restantes objectos da Casa-Museu Medeiros e Almeida, servem para pensar, sentir e imaginar. Apesar dessa característica em comum, estes não são nem ostentativos, nem raros ou preciosos. Eles são destituídos do grande investimento temporal, emocional e financeiro que cada um dos outros objectos tiveram pelo seu coleccionador. Apresentam-se com a intenção de questionar o objectivo de um coleccionador dedicado à construção e projecção em vida e postumamente de uma imagem romantizada de si mesmo. Não no sentido de negar essa necessidade da condição humana, mas sim como um acto de consciência desta, criei algo para lembrar aparentemente o oposto: tudo é efémero, tudo se modifica e nada permanece para sempre. Com a exposição destes objectos uno-me ao propósito do coleccionador, na mesma preocupação, medo e antecipação.